Nada de novo no padrão de reação
indignada e na afirmação de inocência. Esse é o modelo que tem sido seguido por
todos os citados. O que é de notar como fato inovador é o extraordinário uso da
inferência lógica, na resposta interino-presidencial. Vejamos: em linguagem
natural, o denunciado declara que caso fosse verdadeira a sua desonestidade,
isso teria como implicação a impossibilidade do mesmo vir a ocupar a
presidência. O que se segue, portanto, é o seguinte: se eu estou a ocupar a
presidência, logo sou honesto.
O que equivale à seguinte inferência
lógica:
1.
Se p
é não honesto, logo p não pode vir a
ser q (presidente);
2.
p
é q (presidente);
3.
logo, p é honesto.
Um brilho de inferência. Digno de
prêmio (ig)nobel, na categoria “falácias.”
Trata-se do truque de estabelecer o
fundamento de uma inferência com base na conclusão do que ela mesma quer
provar. Algo que os antigos céticos definiam como “dialelo”, ou raciocínio
circular. Em outros termos, coisa para enrolar a malta. A inferência em questão
bem vale, enfim, como introdução à lógica temerária. Tempos difíceis.
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